A criadora e médica-veterinária Desireé Hastenpflug Möller, de 34 anos, tomou posse como a primeira Presidente mulher da Associação Sulina de Criadores de Búfalos (Ascribu). Empossada nesta quinta-feira (9/9), em assembleia da entidade no auditório da Federacite, na Expointer, ela sucede a Régis Gonçalves para cumprir mandato de dois anos.

A nova diretoria da Ascribu também é integrada por Rafael Gonçalves (Vice-Presidente), Guilherme Aydos (1º Secretário), Eduardo Ferreira Lobo (2º Secretário), Mauricio Rech (1º Tesoureiro), Guilherme Giambastiani (2º Tesoureiro), Luis Fernando Aguirre (Diretor Técnico), Vagner Flores (Diretor Jovem) e Nelson Garcia, Isadora Marcantonio e Antônio Said (Conselho Fiscal).

O Conselho Consultivo é composto por Delfino Beck Barbosa, Ramiro Martins de Araújo, João Gaspar de Almeida (produtor e membro da Federação Latino-Americana de Criadores de Búfalos), Caio Rossato (presidente da Associação Brasileira de Criadores de Búfalo), Maria Cecília Damé (Veterinária e pesquisadora da Embrapa), Anelise Martins (Veterinária da Unipampa), Luciana Potter, (Veterinária da UFSM), Amanda Motta (Veterinária da UFRGS), Vivian Fischer (Engenheira Agrônoma, Mestre e Doutora em Zootecnia, da UFRGS) e Mariana Caroline Tavares (do Gebu-UFRGS).

A Ascribu, com 43 anos de existência, foi fundada em 1978 pelo ex-secretário da Agricultura Getúlio Marcantonio, que também a presidiu.

Casada e mãe de duas meninas, a nova presidente cria búfalos em Itapuã (municípios de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre) numa área de 150 hectares.

Desireé optou pela atividade a partir de um encontro casual, na Expointer de 2017, com o proprietário da Fazenda Panorama, o ex-presidente da Ascribu Delfino Beck Barbosa, referência da bubalinocultura no Estado. “Eu havia ido a Esteio para me informar mais sobre o Hereford e acabei chegando ao estande dos búfalos. Em algumas horas de conversa com o senhor Delfino, senti que havia decidido o meu futuro”, conta.

A criadora é admirada pelo dinamismo e capacidade de execução de projetos. Ela quer fortalecer a união entre os criadores, atrair novos pecuaristas à atividade e difundir a carne e o leite bubalino entre os consumidores, além de outras metas.

Docilidade, rusticidade e lucro

Formada em Veterinária pela Ulbra em 2010 e com especialização em clínica e cirurgia de equinos e clínica e cirurgia de pequenos animais, Desireé considera o búfalo “espetacular, dócil e de fácil trato. Eu manejo o rebanho sozinha. Os animais me conhecem, nos respeitamos e tudo vai bem”, relata.

A rusticidade do bubalino é característica que ela faz questão de destacar. “Em quase quatro anos, não tive nenhuma enfermidade no rebanho”.

Desireé, que anteriormente havia criado bovino, empolga-se com a lucratividade proporcionada pelo búfalo. “Estou indo para o quarto ano de criação, com dois anos de parições: em setembro de 2020 vendi 38 terneiros desmamados e em junho de 2021 vendi 29 terneiros desmamados; em 2022 o investimento do rebanho já estará pago. São animais de alta taxa de natalidade, baixa mortalidade e alta rentabilidade. Só pode dar certo”.

De acordo com ela, “criação em pequena escala de bovinos não rende, mas de búfalos rende sim. Acredito muito no potencial dos produtos que o animal nos oferece: carne e leite. Ambos são extremamente saudáveis e deliciosos, mas ainda pouco conhecidos e pouco divulgados no mercado, principalmente a carne”.

Durante sua gestão, incentivará a busca de um padrão animal competitivo na bubalinocultura. No caso da carne, explica Desireé, é preciso estabelecer ligação entre o produtor e o frigorífico e entre o frigorífico e o mercado. “Pagam pouco pela carne, alegando que não há custos na criação, e vendem como carne comum no açougue”, lamenta. “Podemos lutar por uma certificação, mas para isso é preciso união dos produtores”.

No caso do leite, o de búfala é comprovadamente do tipo A2A2, isto é, não contém a proteína beta-caseína 1, cuja presença no produto pode causar desconforto intestinal semelhante ao da intolerância à lactose a algumas pessoas. O leite A2A2 movimenta um negócio em forte crescimento no mundo e que deve alcançar a casa dos US$ 20 bilhões até 2025.

RS: coronavírus – na 44ª Expointer, jovem criadora é empossada na presidência da Ascribu Associação de criadores de búfalos do Sul terá 1ª mulher presidente