RS: coronavírus – na 44ª Expointer, jovem criadora é empossada na presidência da Ascribu
Esteio/RS
A médica-veterinária e criadora Desireé Möller, de 34 anos, tomou posse como presidente da Associação Sulina de Criadores de Búfalos (Ascribu). Ela é a primeira mulher a comandar a entidade, sucedendo ao produtor Régis Gonçalves.
A associação, com 43 anos de existência, foi fundada pelo ex-secretário da Agricultura Getúlio Marcantonio, em 1978.
Entre outros nomes importantes da agropecuária gaúcha, Fernando Kroeff e Delfino Beck Barbosa estiveram à frente da Ascribu.
Desireé, casada e mãe de duas meninas, cria búfalos na região metropolitana de Porto Alegre. Ela desenvolve sua atividade numa área de 150 hectares em Itapuã. Chegou ao negócio a partir de um encontro casual, na Expointer de 2017, com o proprietário da Fazenda Panorama, o ex-presidente Delfino, referência da bubalinocultura no Estado. “Eu havia ido a Esteio para me informar mais sobre o Hereford e acabei caindo no estande dos búfalos. Em algumas horas de conversa com o senhor Delfino, senti que havia decidido o meu futuro”, conta.
A criadora é admirada pelo dinamismo e capacidade de execução de projetos. Quer fortalecer a união entre os criadores, atrair novos pecuaristas à atividade e difundir a carne e o leite bubalino entre os consumidores, além de outras metas.
Docilidade, rusticidade e lucro
Formada em Veterinária pela Ulbra em 2010 e com especialização em clínica e cirurgia de equinos e clínica e cirurgia de pequenos animais, Desireé considera o búfalo “espetacular, dócil (apesar da falsa imagem em contrário) e de fácil trato. Eu manejo o rebanho sozinha. Os animais me conhecem, nos respeitamos e tudo vai bem”, relata.
A rusticidade do bubalino é característica que faz questão de destacar. “Em quase quatro anos, não tive nenhuma enfermidade no rebanho”. O apelido que deu ao macho, que convive com 48 fêmeas na sua propriedade, é revelador de vitalidade: Panzer – como o famoso tanque de guerra alemão.
Desireé, que antes havia criado bovino, está empolgada com a lucratividade proporcionada pelo búfalo. “Estou indo para o quarto ano de criação, com dois anos de parições: em setembro de 2020 vendi 38 terneiros desmamados e em junho de 2021 vendi 29 terneiros desmamados; em 2022 o investimento do rebanho já estará pago. São animais de alta taxa de natalidade, baixa mortalidade e alta rentabilidade. Só pode dar certo”
De acordo com ela, “criação em pequena escala de bovinos não rende, mas de búfalos rende sim. Acredito muito no potencial dos produtos que o animal nos oferece: carne e leite. Ambos são extremamente saudáveis e deliciosos, mas ainda pouco conhecidos e pouco divulgados no mercado, principalmente a carne”.
Por isso, durante a gestão na Ascribu incentivará a busca de um padrão animal competitivo na bubalinocultura. No caso da carne, explica Desireé, é preciso estabelecer ligação entre o produtor e o frigorífico e entre o frigorífico e o mercado. “Pagam pouco pela carne, alegando que não há custos na criação, e vendem como carne comum no açougue”, lamenta. “Podemos lutar por uma certificação, mas para isso é preciso união dos produtores”.
No caso do leite, o de búfala é comprovadamente do tipo A2A2, isto é, não contém a proteína beta-caseína 1, cuja presença no produto pode causar desconforto intestinal semelhante ao da intolerância à lactose a algumas pessoas. O leite A2A2 movimenta um negócio em forte crescimento no mundo e que deve alcançar a casa dos US$ 20 bilhões até 2025.
Fonte: Associação Sulina de Criadores de Búfalos (Ascribu)